O mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue, voltou a atacar – e com força. Segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados até o último dia 7 de março 224,1 mil casos de dengue pelo país, um aumento de 162% se comparado ao mesmo período do ano passado. Existem municípios vivendo uma verdadeira epidemia! Para se blindar contra a doença, você deve: tomar medidas básicas de prevenção, evitando a proliferação do mosquito transmissor; estar o mais atenta possível aos sintomas e ao tratamento. Por incrível que pareça, o melhor remédio para controlar a dengue é a ingestão de líquido. Quem contrai dengue tem de se hidratar muito! “A hidratação salva vidas”, garante o infectologista Marcelo Gonçalves, do Hospital Caxias D’Or, no Rio de Janeiro. A seguir, valiosas informações que você precisa saber para evitar o problema.
POR DENTRO DO PROBLEMA
- Existem quatro tipos de vírus da dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Depois de contrair um, a pessoa fica imune a ele, mas suscetível aos outros três tipos. “É a fêmea do Aedes que transmite o vírus. Ela pica principalmente durante o dia”, afirma Gonçalves.
- Não há diferenças importantes entre estes vírus da dengue. Quem os contrai sente um mal-estar parecido com o de uma gripe: febre alta, dor no corpo e nas articulações, cansaço, moleza, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, tonturas, náuseas, vômitos e perda do apetite, além do surgimento de manchas avermelhadas pelo corpo. “Se começar a ter febre, mesmo sem outra manifestação, procure um serviço médico para tirar a dúvida”, alerta Nancy. Principalmente se estiver em uma região de epidemia da doença.
- Atenção: três dias após o diagnóstico de dengue, a febre costuma ceder, mas se então você passar a sentir fortes dores abdominais, tonturas significativas ou vomitar muito, procure o mais rápido possível um médico. Pode ser sinal de um agravamento do quadro, também chamado de dengue hemorrágica. Se não for tratado a tempo, pode levar à morte. “Acredita-se que as formas graves sejam decorrentes de uma reação exagerada do organismo. Elas podem ocorrer tanto em quem já foi contaminado quanto em quem nunca teve o problema antes”, diz Gonçalves.
- Na forma grave, a água e os sais minerais presentes nos vasos sanguíneos vão para os tecidos do corpo, diminuindo o volume de líquido na circulação, o que leva à queda da pressão arterial. Nesses casos, os pacientes são hospitalizados.
SERÁ QUE É DENGUE?
Após uma avaliação no consultório, o médico deve solicitar um exame de sangue para avaliar suas condições físicas. A partir daí, ele decidirá como conduzir o tratamento. Há um exame específico (mais rápido) para o diagnóstico de dengue. Mas não são todos os hospitais que o possuem. Na rede particular ele pode, inclusive, ser cobrado.
COMO FUNCIONA O TRATAMENTO
- Hidratação, hidratação e hidratação. Essa é a palavra de ordem quando se trata da doença. Beber muito líquido pode salvar vidas neste caso. “Quem se hidrata não morre de dengue. Se estiver na fila do hospital esperando atendimento, beba muita água”, orienta Gonçalves. Segundo Nancy, deve-se tomar de 4 a 6 litros de líquido por dia, entre água, sucos e soro caseiro.
- Para aliviar os sintomas desagradáveis do problema, o médico poderá receitar remédio que abaixe a febre e amenize as dores.
- Estão em fase de teste duas vacinas contra a dengue. Fabricadas por institutos diferentes, "ao que tudo indica ainda não serão distribuídas este ano”, diz Nancy.
PREVENIR É O REMÉDIO
A coisa mais importante é eliminar possíveis criadouros para o Aedes aegypti, que adora uma água parada para se procriar. Para isso:
- Mantenha a caixa d’água sempre fechada.
- Preencha os pratinhos das plantas com areia.
- Não acumule vasilhames e pneus velhos no quintal.
- Verifique se as calhas estão entupidas.
- Se for armazenar garrafas vazias, deixe-as sempre viradas de cabeça para baixo.
- Usar repelentes também ajuda. “Não há evidências de que o uso diário do produto traga consequências negativas à saúde. Mas em caso de reações alérgicas, suspenda o uso”, alerta Gonçalves. Converse com um pediatra antes de aplicar o produto em crianças.
FEBRE CHIKUNGUNYA: ELA PEGOU CARONA COM A DENGUE
O vírus da febre chikunguya, transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, já infectou 1.049 pessoas este ano: 459 na Bahia e 590 no Amapá. Os sintomas parecem com os da dengue, mas a dor nas articulações é mais intensa e duradoura. O primeiro caso da doença no país foi registrado em setembro passado.
- Sintomas: ainda que parecidos com os da dengue (febre alta, dor de cabeça e mal-estar), a doença traz grande incômodo: fortes dores nas articulações, como punhos, dedos e tornozelos, que podem vir acompanhadas de inchaço e vermelhidão no local. “A dor pode durar meses e até mais de um ano, dependendo do paciente. Em casos graves, pode evoluir para uma artrite crônica”, diz Nancy. Apesar disso, ela não é tão perigosa quanto a dengue. “A taxa de mortalidade é baixa.”
- Tratamento: o diagnóstico é feito com avaliação clínica dos sintomas e com exame de sangue. Para aliviar o desconforto e evitar dores, recomenda-se repouso e hidratação, além de analgésicos e antitérmicos. Quando a dor persiste, indica-se anti-inflamatórios.